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domingo, 15 de outubro de 2023

Festival em Salvador reúne jovens de comunidades de pesca artesanal e quilombo da Bahia e de Sergipe

O Festival reforçou a valorização da cultura e da arte, no combate ao racismo e no estímulo ao protagonismo das comunidades de pesca artesanal e quilombo.

Cortejo da juventude pesqueira e quilombola leva cultura e alegria para as ruas do
Centro Histórico de Salvador. Foto: Ascom/CPP-BA/SE.
Mais de 350 adolescentes de comunidades de pesca artesanal e quilombo, situadas em municípios baianos e do estado de Sergipe fizeram do Largo Tereza Batista, no Pelourinho, um verdadeiro palco para celebrar suas manifestações artísticas e culturais. Durante todo o sábado (14), o "Festival de Arte e Cultura da Juventude Pesqueira e Quilombola" reuniu muita dança, capoeira, música e a manutenção da tradição dos povos tradicionais.

O evento finalizou a primeira etapa das “Oficinas Artísticas e Culturais”, iniciadas em março deste ano, por meio do projeto “Crianças, Adolescentes e Jovens - Arte, Cultura e Comunicação: fortalecendo o território”, realizado pelo Conselho Pastoral dos Pescadores e Pescadoras, regional Bahia e Sergipe (CPP-BA/SE).

A valorização da cultura, a presença da ancestralidade, o fortalecimento dos laços comunitários, a promoção da harmonia social e o incentivo ao protagonismo da juventude são estímulos assumidos pela equipe da Pastoral para promover o festival. Para a Secretária-executiva regional do CPP Bahia/ Sergipe, Maria José Pacheco, o evento reflete a perspectiva desses jovens e adolescentes na continuidade enquanto comunidade. “Essa geração tem mantido viva a cultura, a arte e suas tradições. São jovens e adolescente cheios de vida e que nos alimentam de esperança cada vez mais. Seguimos na luta para manter a garantia de direitos e a valorização dos povos tradicionais”, explicou.

O grupo de teatro e xaxado ‘Na Pisada de Lampião’, veio diretamente da cidade de Poço Redondo, em Sergipe, distante 360km de Salvador, e foi o primeiro a se apresentar. O professor Marcos Vieira trabalha com crianças há mais de 14 anos e tem como princípio cultivar raízes para manter viva a cultura. “Xaxado não é só uma dança, trabalhamos para que no futuro esses jovens tenham formação e se tornem cidadãos íntegros”, disse. Marcos ainda falou sobre a importância da atuação do CPP em Sergipe. “Antigamente não víamos outro futuro para comunidades ribeirinhas e o CPP chegou para mostrar que temos potencial, que temos cultura e que também temos muitos talentos lá,”, avaliou o professor.

Grupo ‘Na Pisada de Lampião’, de Sergipe
Representando a secretaria estadual de Culturs, a coordenadora artística do Centro de Culturas Populares e Identitárias, Thelma Chase, afirma que é papel do estado se aproximar cada vez mais da cultura popular. “A nossa responsabilidade é impulsionar a cultura e esse festival é da maior importância. Primeiro porque ele impulsiona o encontro de várias comunidades que puderam trocar diversas experiências enriquecedoras e que entendem que essa ocupação precisa ser permanente”, destacou.

Para a realização do “Festival de Arte e Cultura da Juventude Pesqueira e Quilombola”, o CPP-B/SE contou com apoio financeiro internacional da Associação da Infância Missionária (Kindermissionswerk); e da ActionAid; da CESE (Coordenadoria Ecumenica de Serviços) além do apoio da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (Secult) através do Centro de Culturas Populares e Identitárias, Pelô da Bahia; da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi); da Superintendência de Apoio e Defesa aos Direitos Humanos (SJDHS); da Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre); e da secretaria estadual de Educação, através da Escola Azevedo Fernandes, onde os estudantes ficaram alojados. 

Segundo Tarcísio Antônio, coordenador CPP Submédio São Francisco, que desde os anos 80 vem trabalhando com os pescadores na Bahia, além de jovens e adolescentes de forma mais pontual. "Apoiamos, por exemplo, a construção da Escola das Águas e há oito meses estamos num trabalho sistemático com as crianças, adolescentes e jovens no intuito de  aproximá-los das lutas de suas comunidades, a Pastoral é uma importante porta para essa geração. Aqui trabalhamos para proporcionar conhecimento e reforçar a importância da luta, principalmente, dos territórios pesqueiros. São anos trabalhando na formação desses jovens com o objetivo de possibilitar um futuro melhor e esta ação com as crianças, adolescentes e jovens é de fundamental importância”, explica.

O público animado se manteve durante toda o dia no Largo Tereza Batista e muitas mães também acompanharam de pertinho a apresentação dos seus filhos. Valdicélia Souza, moradora de Simões Filho, é mãe da pequena Esther Luiza, que se apresentou no grupo de percussão ‘Batuque Para o Despertar’, da comunidade de Aratu, em Simões Filho. “Minha filha fica emocionada e eu também, em ver essa negona crescendo com a cultura. Eu fico muito orgulhosa da minha filha e também muita grata pela importante força que o CPP tem dado pra incentivá-la”, conta.

Valdicélia Souza, moradora de Simões Filho, 
é mãe da pequena Esther Luiza.
Símbolo e “marcador” regional do Recôncavo baiano, o samba de roda foi presença forte no Festival de Arte e Cultura da Juventude Pesqueira e Quilombola. Entre eles, o grupo Raiz do Boqueirão Filho de São Francisco, que nasceu no quilombo São Francisco do Paraguaçu, em Cachoeira, em 2006. Com elementos simbólicos da cultura e ancestralidade quilombola, o grupo é um dos representantes do samba de roda em Cachoeira.

“O nosso objetivo é passar o samba de roda de geração em geração, resgatar a nossa origem e as tradições. Nós nunca deixaremos esse legado morrer. E esse trabalho que a CPP desenvolveu para esse projeto nos últimos 8 meses foi fundamental e muito importante pra gente. Tenho certeza que sairemos muito ricos daqui porque a troca de experiência que tivemos foi muito importante”, enfatiza o coordenador do grupo, Crispim dos Santos, o “Rabicó”.

Nascido e criado no samba, o integrante do Raiz do Boqueirão, Antônio Santana, o seu Mará, de 78 anos, é um dos mais velhos do grupo onde todos os integrantes são pescadores “Na adolescência eu fazia muito samba de caruru, aí depois comecei no grupo e sigo até hoje. Faço com muito amor para manter nosso ritmo sempre vivo. Está no sangue”, conta.

O racismo também foi pauta de grupos em suas danças, músicas e também no teatro. O grupo teatral ‘Vocabulário Racista’, da localidade de Ilha do Tanque, no município de Maraú, trouxe as expressões racistas, muitas vezes naturalizadas pela sociedade, como forma de denúncia. Um dos atores do grupo é o estudante Elias, que conhece bem a importância desse projeto para seu crescimento. “Com o grupo de teatro, eu e meus colegas temos aprendido muito e nos aperfeiçoando cada vez mais. É também a opção que muitos têm para sair de uma possível vulnerabilidade e têm a chance de encontrar uma vida melhor dentro da cultura e da arte”, explicou o jovem.

O estudante de pós-graduação em Dança, Mailton Muller, de 26 anos, do grupo ‘Dança Afro e Cultura do Iguape’, do quilombo Santiago do Iguape, em Cachoeira, ressalta a importância de um encontro como esse para celebração da cultura e também uma oportunidade de levar a cultua local para centenas de pessoas fora da comunidade. “As pessoas precisam saber e ver que as comunidades têm muitos talentos. Gente como a gente”, disse.

O Festival ficou marcado pelas experiências trocadas, mas também pelo incentivo à arte e, principalmente, um marco na valorização da cultura, no combate ao racismo e no estímulo ao protagonismo das comunidades quilombolas e pesqueiras.

Como encerramento, as equipes que participaram do Festival receberam troféus e, logo em seguida, os grupos de percussão saíram do Largo Tereza Batista, em um verdadeiro cortejo até o Colégio estadual Azevedo Fernandes, localizado no Largo do Pelourinho. A unidade foi cedida aos estudantes desde a chegada deles na sexta-feira (13), onde crianças, adolescentes e jovens tiveram a oportunidade de visitar museus e espaços culturais em Salvador durante todo o dia.

Participaram também do Festival o grupo 'Sons do Velho Chico', do povoado de Bonsucesso, situado no município de Poço Redondo, em Sergipe; o grupo de Capoeira de Pratigi-Matapera, do município de Camamu, no Baixo Sul da Bahia; o “Batidas da Maré”, da comunidade de Acupe, em Santo Amaro; o “Dança de São Gonçalo", espetáculo da comunidade de Andorinhas, de Sento Sé, Submédio São Francisco; o “Batucada do Zero”, grupo de percussão do quilombo Pijurú, Maragogipe; o “Samba do Iguape”, de Cachoeira; “Folia de Santos Reis”, comunidade de Salinas, no município de Pilão Arcado; “Batuques da Cambuta”, da comunidade de Cambuta, em Santo Amaro; o grupo de capoeira "Quilombo Azé Paraguaçu", do quilombo São Francisco do Paraguaçu, no município de Cachoeira; e o “Raízes de São Brás”, grupo do quilombo São Braz, de Santo Amaro.

 

FEIRA AGROECOLÓGICA E DE ARTESANATO

Paralelo ao Festival, durante todo o sábado aconteceu também a Feira Agroecológica e de Artesanato com produtos originários de comunidades tradicionais situadas em municípios da Bahia e de Sergipe. Entre eles, Dona Cândida da Hora, que trouxe do município de Maragojipe produtos oriundos da produção da agricultura familiar.

 “O nosso quintal está praticamente todo nesta mesa. Tudo plantado na terra que moramos e que vai para a mesa dos nossos consumidores. A agricultura está presente na minha vida desde pequena, principalmente por conta da influência dos meus pais, que sempre incentivaram a continuidade do nosso trabalho. Faço isso com meus filhos, sobrinhos e netos”, explicou.

Cândida da Hora veio de Maragojipe comercializar
produtos oriundos da agricultura familiar

A Feira também levou para o público as riquezas das bordadeiras do sertão sergipano, além de promover o trabalho de alta qualidade do artesanato produzido por mulheres que são verdadeiras artistas. Um dos símbolos da resistência e da acestralidade do povo negro, a trança afro também teve seu espaço na Feira. A trancista Marisete, do bairro de Itapuã, em Salvador, há mais de 30 anos possibilita aos homens e mulheres carregarem na cabeça o que é também considerado uma forma de proteção. "Sâo muitos anos nessa luta que é de longa data. Tenho orgulho em dizer que vivo trançando o cabelo dos meus", afirmou. 

 A trancista Marisete, veio do bairro de Itapuã, em Salvador


segunda-feira, 9 de outubro de 2023

Juventudes pesqueiras e quilombolas se apresentarão no próximo sábado, dia 14 de outubro, em Salvador

O “Festival de Arte e Cultura da Juventude Pesqueira e Quilombola”, organizado pelo Conselho Pastoral dos Pescadores e das Pescadoras, contará com a apresentação de juventudes de comunidades tradicionais situadas nos estados da Bahia e de Sergipe.


No dia 14 de outubro, o Largo Tereza Batista, localizado no Centro Histórico de Salvador, sediará o “Festival de Arte e Cultura da Juventude Pesqueira e Quilombola”. O evento reunirá 400 jovens que apresentarão espetáculos de teatro, dança afro-brasileira contemporânea, capoeira, show de grupos de percussão e danças tradicionais, a exemplo da “Dança de São Gonçalo” e “Dança de Reis”. O Festival também sediará a Feira Agroecológica e de Artesanato com produtos originários de 13 comunidades tradicionais situadas em municípios da Bahia e de Sergipe.

O evento encerra a primeira etapa das “Oficinas Artísticas e Culturais”, iniciadas em março deste ano, através do projeto “Crianças, Adolescentes e Jovens - Arte, Cultura e Comunicação: fortalecendo o território”, realizado pelo Conselho Pastoral dos Pescadores e Pescadoras, regional Bahia e Sergipe (CPP-BA/SE). Ao entender que ações com as diversas juventudes são parte essencial para ajudar a fazer do mundo um lugar bom de se viver, como nos ensinou a Ir. Neusa Nascimento (in memoriam). Nesse sentido, a equipe da Pastoral assume o presente desafio sociocultural de realizar um Festival de Arte e Cultura protagonizado pela juventude de comunidades tradicionais.

As juventudes pesqueiras e quilombolas são grupos que têm uma forte conexão com a natureza e com suas raízes culturais. Eles têm muito a ensinar sobre a história e a cultura do nosso país, além de trazerem uma abordagem única para a arte e a música. Será uma oportunidade única para os moradores de Salvador e visitantes conhecerem essas juventudes e prestigiarem suas apresentações. Certamente será um evento inesquecível, que ficará marcado na memória de todos que participarem.

“Sábado, dia 14 de outubro de 2023, será um dia de celebração da luta e vida do povo pescador e quilombola. Suas festas e tradições, gastronomia embalada com os sons da percussão, capoeira, dança, teatro e outros modos de comunicar beleza e vida. É um projeto lindo e a nossa expectativa é fazer ecoar a coragem dos territórios. Exaltando uma beleza-clamor que exala: juventude viva! Enquanto juventudes e comunidades tradicionais estiverem fortalecidas aqui será “um lugar bom de se viver”, destaca a agente do CPP-BA/SE, Lourdes Nunes.

Entre os meses de março e setembro, além das atividades artísticas, culturais e de cidadania, crianças, adolescentes e jovens tiveram oportunidade de visitar museus e espaços culturais, e do primeiro “Encontro Regional de Comunicação com Jovens de comunidades de pesca artesanal e quilombo", realizado no início de agosto.

Para a realização do “Festival de Arte e Cultura da Juventude Pesqueira e Quilombola”, o CPP-B/SE conta com apoio financeiro internacional da Associação da Infância Missionária (Kindermissionswerk); e apoio de infraestrutura e institucional da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (Secult) através do Centro de Culturas Populares e Identitárias, Pelô da Bahia, Secretaria de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi), Superintendência de Apoio e Defesa aos Direitos Humanos (SJDHS) e da Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre).

Serviço:
O quê: “Festival de Arte e Cultura da Juventude Pesqueira e Quilombola & Feira Agroecológica e de Artesanato”. Entrada com 1kg de alimento não perecível (sujeito à lotação).
Quando: 14 de outubro de 2023 (sábado), das 9h às 17h.
Local: Largo Tereza Batista - Rua Gregório de Matos, nº 6 - Centro Histórico de Salvador - BA.
As reservas podem ser feitas preenchendo a ficha de inscrição, disponível neste link, na plataforma Sympla, clicando aqui, ou através do e-mail: festivalartecultura.cppbase@gmail.com
Clique aqui para acesso às fotos de divulgação.

Programação completa:
9h - Solenidade de abertura
9h30 - “Sons do Velho Chico”, grupo de percussão com performance de xaxado, do povoado de Bonsucesso, situado no município de Poço Redondo - Sergipe.
9h45 - “Capoeira de Pratigi-Matapera", do município de Camamu - Baixo Sul da Bahia.
10h - “Batidas da Maré”, de Acupe, comunidade situada em Santo Amaro, Recôncavo da Bahia.
10h15 - “Vocabulário Racista” espetáculo teatral de Ilha do Tanque, situada em Maraú - Baixo Sul da Bahia.
10h40 - “Batuque para o despertar”, grupo de percussão do quilombo Aratu, Simões Filho - Bahia.
10h55 - “Dança de São Gonçalo”, espetáculo da comunidade de Andorinhas, de Sento Sé - Submédio São Francisco, Bahia.
11h15 - “Batucada do Zero”, grupo de percussão do quilombo Pijurú, situado em Maragogipe - Recôncavo da Bahia.
11h30 - “Capoeira com a juventude”, do quilombo Giral Grande, situado no município de Maragogipe, Bahia.
11h45 - Agradecimentos
12h - Almoço e atração especial com o “Samba do Iguape”.
13h30 - “Batuques da Cambuta”, apresentação do grupo de percussão da comunidade de Cambuta, Santo Amaro - Bahia.
13h50 - “Folia de Santo Reis”, espetáculo de dança tradicional da comunidade de Salinas, situada no município de Pilão Arcado - Bahia.
14h10 - “Dança Afro e Cultura do Iguape”, espetáculo de dança afro e percussão do quilombo Santiago do Iguape, Cachoeira - Bahia.
14h25 - “Capoeira Quilombo Axé Paraguaçu”, do quilombo São Francisco do Paraguaçu, situado no município de Cachoeira - Bahia.
14h45 - “Raízes de São Braz”, grupo de percussão do quilombo São Braz, situado no Recôncavo da Bahia.
15h - Entrega da premiação coletiva.
15h30 - Agradecimentos e encerramento com atração especial do “Samba das Comunidades”.
16h - Cortejo Cultural da juventude pesqueira, quilombola e ribeirinha até as escolas.


Sobre o projeto “Crianças, Adolescentes e Jovens - Arte, Cultura e Comunicação: fortalecendo o território”, realizado pelo Conselho Pastoral dos Pescadores e Pescadoras:

O projeto é um sonho antigo que, mais recentemente, se fortaleceu a partir da demanda de jovens que participaram da assembleia de 2018, ao fazerem um apelo ao CPP para desenvolver um trabalho com a juventude frente ao crescimento da violência e a perda de direitos. O CPP topou o desafio de desenvolver ações sistemáticas com crianças, adolescentes e jovens, que estão sendo construídas com 13 comunidades, distribuídas em quatro microrregiões de atuação regional, do CPP, nos estados da Bahia e Sergipe.

As ações incluem atividades artísticas, culturais e de discussão de cidadania para a organização comunitária e participação de adolescentes e da juventude. Com isso, o CPP-BA/SE espera promover o reconhecimento e a valorização da identidade étnico-racial, empoderamento e engajamento de crianças, adolescentes e da juventude que residem e resistem nas comunidades quilombolas e pesqueiras.

Em todas as etapas de realização das atividades, o CPP-BA/SE conta com a colaboração de pessoas da comunidade, especialmente das lideranças pesqueiras e quilombolas, de pais e mães, dos jovens, adolescentes e crianças.


Sobre o Conselho Pastoral dos Pescadores e das Pescadoras:


Desde 1968, o Conselho Pastoral de Pescadores (CPP) atua pelo bem viver de marisqueiras, pescadores e pescadoras artesanais, e em defesa dos territórios tradicionais. Com o objetivo de promover o fortalecimento dos territórios, a equipe do CPP da regional Bahia e Sergipe, realiza o projeto “Crianças, Adolescentes e Jovens – Arte, Cultura e Comunicação: fortalecendo o território”.

A missão do CPP que é “Movido pela força libertadora do evangelho, colaborar com os pescadores e pescadoras nos justos anseios de suas vidas, respeitando sua cultura, estimulando suas organizações, tendo em vista a libertação integral e a construção de uma nova sociedade.” Assim, o CPP busca promover valores comunitários, a cultura da solidariedade, a igualdade de raça e gênero e a democracia efetiva e participativa, tendo como princípio fundamental o protagonismo dos pescadores e pescadoras.








sexta-feira, 4 de agosto de 2023

CPP realiza “Oficina de Comunicação com jovens de comunidades quilombolas e de pesca artesanal”

Na capital da Bahia, entre os dias 4, 5 e 6 de agosto, moças e rapazes, com idade entre 18 e 29 anos, participam de atividades da “Oficina de comunicação com jovens de comunidades quilombolas e de pesca artesanal”, realizada pelo Conselho Pastoral dos Pescadores - e Pescadoras - (CPP-BA/SE), em parceria com a Kindermissionswerk. Essa iniciativa inédita do CPP-BA/SE revela que essas juventudes não espelham a “geração nem-nem”, ao afirmarem que são jovens que estudam e buscam conhecer técnicas de comunicação para produção de conteúdos relacionados ao cotidiano dentro e fora das comunidades. O grupo de jovens representa 13 comunidades que ficam situadas em municípios dos estados da Bahia e Sergipe.

Foto: Ascom/CPP-BA/SE,

Foto: Ascom/CPP-BA/SE.
A programação da Oficina de Comunicação envolve duas conversas sobre “A importância da juventude na discussão sobre mudanças climáticas” e “Ativismo digital da juventude na organização dos jovens e da comunidade negra”, com a fundadora do Instituto Perifa Sustentável, Jovem Embaixadora da Organização das Nações Unidas (ONU) e ativista climática, Amanda Costa, que, em dezembro deste ano, participará da 28ª Conferência de Mudanças Climáticas da ONU (COP28), em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.

Foto: Ascom/CPP-BA/SE.
A secretaria-executiva do CPP-BA/SE, Zezé Pacheco, fez entrega de publicações impressas sobre a situação das comunidades quilombolas e de pesca artesanal, para a criadora de conteúdo e ativista Amanda Costa. Foto: Ascom/CPP-BA/SE.

Foto: Ascom/CPP-BA/SE.

Foto: Ascom/CPP-BA/SE.
Neste sábado e no domingo, dias 5 e 6 de agosto, as moças e rapazes farão leituras dinâmicas sobre a produção de comunicação e jornalismo comunitário, prática experimental de fotografia com uso de celular, prática de ferramentas digitais e uso de redes sociais. A programação ainda inclui um passeio cultural, que inclui degustação de iguarias geladas, pela Cidade Baixa de Salvador.

Durante esta sexta-feira, 4, a ativista climática Amanda Costa conversou sobre temas relacionados à justiça ambiental, racismo ambiental, resiliência climática, mudanças climáticas, direitos humanos, sociais e territoriais.
A ativista climática Amanda Costa. Foto: Ascom/CPP-BA/SE. 
“Eu fiquei muito honrada, muito grata, e me sinto muito feliz por poder criar esse espaço, transbordar um pouquinho do que eu sei e entender que a transformação vem da base e dos territórios [tradicionais]. Quando a nossa comunidade, de forma engajada, mobilizada e articulada, entender que a gente tem força para enfrentar tudo o que querem fazer contra nós, e a partir do momento que a gente se junta, que a gente se aquilomba, a gente consegue resistir para reexistir”, completou a ativista climática Amanda Costa, que também apresenta o programa de televisão “Tem Clima Pra Isso?”, é internacionalista e criadora de conteúdo.

O grupo de jovens espera colocar em prática toda troca de conhecimento adquirido durante a Oficina de Comunicação. A jovem e estudante, Nice Santos, da comunidade quilombola de Ilha do Tanque, situada no município de Maraú, Baixo Sul da Bahia, relata que o despejo irregular de lixo está destruindo uma área de manguezal. Esse é um caso típico de racismo ambiental, porque o lixão prejudica diretamente as/os moradoras/es da comunidade de Ilha do Tanque e outras formas de vida presentes nesse ecossistema litorâneo.
Foto: Ascom/CPP-BA/SE.
“A gente está correndo atrás referente a isso, para poder tentar evitar que o lixo chegue no nosso mangue. Então, essa luta é grande. Temos uma associação, e a gente conta com uma quantidade de jovens para lutar contra isso”, relatou a jovem Nice Santos. Ela acredita que a união das juventudes de comunidades provocará manifestações em diferentes espaços e formatos, seja presencialmente ou via mídias digitais por meio das redes sociais.

A “Oficina de comunicação com jovens de comunidades quilombolas e de pesca artesanal” integra um conjunto de ações de um projeto piloto do CPP-BA/SE, denominado “Crianças, Adolescentes e Jovens - Arte, Cultura e Comunicação: fortalecendo o território”. Com essa ação, o CPP-BA/SE realiza atividades práticas experimentais em comunicação e jornalismo comunitário, com foco na produção de conteúdos digitais informativos e na consolidação da "Rede de Jovens Comunicadoras/es de Comunidades Quilombolas e de Pesca Artesanal - Bahia e Sergipe".

Sobre o CPP

Desde 1968, o Conselho Pastoral de Pescadores (CPP) atua pelo bem viver de marisqueiras, pescadores e pescadoras artesanais, e em defesa dos territórios tradicionais. Com o objetivo de promover o fortalecimento dos territórios, a equipe do CPP da regional Bahia e Sergipe, realiza o projeto “Crianças, Adolescentes e Jovens – Arte, Cultura e Comunicação: fortalecendo o território”.

A missão do CPP que é “Movido pela força libertadora do evangelho, colaborar com os pescadores e pescadoras nos justos anseios de suas vidas, respeitando sua cultura, estimulando suas organizações, tendo em vista a libertação integral e a construção de uma nova sociedade.” Assim, o CPP busca promover valores comunitários, a cultura da solidariedade, a igualdade de raça e gênero e a democracia efetiva e participativa, tendo como princípio fundamental o protagonismo dos pescadores e pescadoras.

O projeto "Crianças, Adolescentes e Jovens - Arte, Cultura e Comunicação", iniciado em março de 2023, é um sonho antigo e, mais recentemente, se fortaleceu a partir da demanda de jovens que participaram da Assembleia Geral do CPP, em 2018, quando fizeram um apelo ao CPP, visando desenvolver trabalhos com os jovens e adolescente, frente ao crescimento da violência e da perda de direitos. O CPP topou o desafio e, inicialmente, junto com 13 comunidades quilombolas e de pesca artesanal, distribuídas em quatro microrregiões de trabalho, na regional Bahia e Sergipe, vem desenvolvendo atividades de arte, cidadania, cultura e comunicação, com crianças, adolescentes e jovens. E, com essa ação, o CPP busca promover a organização comunitária e a participação das juventudes e adolescentes que residem e resistem dentro das comunidades quilombolas e de pesca artesanal.
Equipe técnica do CPP, a ativista climática Amanda Costa e jovens de comunidades quilombolas e de pesca artesanal dos estados da Bahia e Sergipe. Foto: Ascom/CPP-BA/SE.