quinta-feira, 7 de maio de 2015

Lançamento do documentário Vento Forte aconteceu em Salvador-BA

 


Ontem (6.05) aconteceu o lançamento do documentário Vento Forte no Conselho de Desenvolvimento da Comunidade Negra (CDCN). O evento contou com a presença dos pescadores artesanais do Recôncavo e do Baixo-Sul, além de organizações da sociedade civil como o NEPPA, o CAAPA e de universidades como a UEFS e o Grupo de Pesquisa Costeiros-UFBA.



Após a exibição do vídeo houve espaço para os parceiros fazerem uma breve reflexão sobre a importância de Vento Forte para a organização e luta pelo Território Pesqueiro. Neste momento estiveram presentes a Cáritas brasileira, a CESE, a AATR, a CPT, a CPP, o MPP e o Dr. Paulo Pena do Setor de Doenças ocupacionais do Hospital das Clínicas. Posteriormente fora realizado um debate com os presentes.




O documentário está inserido na Campanha pela Regularização dos Territórios Pesqueiros, para apoiar e conhecer mais essa iniciativa acesse aqui




Inspirado pelo momento, o conselheiro do CPP William Tavares escreveu e recitou este belo poema:



Secaram o Mar de Aral
Rios já não chegam ao mar
É tão triste morrer cedo
Morrer antes de acabar...
O capital põe o dedo
A natureza tem medo
De toda a vida findar
Muitos peixes apodreceram
O mangue virou cimento
Canoas viraram lenha
Que incendeiam o pensamento
Eu vos trago pescadores,
Marisqueiras e suas dores
Aqui para esse momento...


Recôncavo, nossa baía
Todos os santos cercados
Rios de lama e esgoto
Brotam de todos os lados
Indústrias poluidoras
Políticas destruidoras
E um racismo disfarçado,
Exalam amônia e enxofre
Esse é o cheiro do cão
Me disse o velho Djalma:
Havemos de plantar rosas
Em cada palmo de chão

Conflitos com os poderosos
Marinha e polo naval
Com barragens, com eólicas
O que vale é o vil metal,
Os pescadores resistem
Me disse o Mestre Sumido:
O povo negro dá testa,
A noite a gente faz festa
E amanhã vamos pro pau...


E nosso povo dos rios,
Todo povo quilombola
Filhos das águas profundas,
Como a maré, vem e inunda
A luta por território,
Vivem a vida em movimento
Nos dão o peixe alimento
Tomam a história nas mãos
Vão construir a nação
De justiça e igualdade,
No trabalho do seu braço
Reconstroem passo a passo
Um país de fraternidade


... pois juntos fazendo laços
Ocupamos os espaços
Semeamos comunhão,
Testemunhando o amor
Na denuncia do opressor
No anuncio da libertação...

William Tavares, 06.05.2015




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